sábado, 24 de janeiro de 2009

O dia em que a Terra parou

Sim, o filme... Infelizmente (de verdade) aqui em minha cidade não há muitas escolhas em relação aos filmes que podemos assistir... O dia em que a Terra parou é aquele tipo de filme que se deve esperar chegar na tela quente - ou programa similar -, a dublagem e os cortes que a televisão sempre faz não mudarão em nada a qualidade (sic) do filme. É o tipo de situação em que se vai ao cinema pensando "vai ser ruim" e erramos: é péssimo!o dia que a terra parou

O filme é uma refilmagem, o original lançado em 1951 diz respeito à Guerra Fria, Klatu é um alienígena que vem ao nosso planeta para salvá-lo da guerra nuclear, é mal recebido e mal interpretado (em sua missão). Em 2008, Klaatu é o personagem de Keanu Reeves também vem para salvar a Terra, dessa vez de nós mesmos, pois somos um agente de destruição em massa, um efeito catastrófico à vida do planeta (mais um, dos tantos que nosso planeta já passou... O segundo causado por seres vivos, mas o primeiro que os seres vivos se autodenominam racionais e têm ciência da destruição). Klaatu novamente é mal recebido e mal interpretado (quanto às suas intenções e quanto à atuação no filme... Keanu Reeves mais uma vez mostra seu potencial para personagens apáticos e sem graça, talvez tenha sido uma boa escolha). Recebemos o alienígena a tiros, fazemos testes e mais testes, buscamos invocar a verdade através de exames e tecnologias "de ponta" norte-americanas (claro, os aliens foram parar lá e os tais se julgaram os únicos capazes de lidar com a coisa).

Bem, o que chama a atenção no filme não é (apenas) sua pretensa mensagem apocalíptica: o mundo está acabando e nós somos os culpados. Sim, é verdade. Os seres humanos, por seu estilo de vida, tem um efeito catastrófico no seu rico lar, está devastando tudo o que pode e não pode. Extinguimos uma série de espécies e outras tantas estão se encaminhando para isso. O que me deixou perplexa no filme é que algo que se pretende crítico (sim, eu entendi o filme como algo que quer sensibilizar os seus possíveis espectadores...) tem propagandas em demasia. Marcas para todos os lados. De computadores, carros e celulares a grande rede de fast food mundial... Ou isso era uma piada (uma contra-propaganda, parte da crítica), ou uma tentativa de vender produtos mesmo. De qualquer modo, frustrado. Todas as cenas em que marcas de produtos aparecem são forçadas, sem acrescentar em nada ao filme, como se fosse um intervalo comercial mesmo, se é uma propaganda, foi mal feita; se era uma crítica, não foi o suficiente para ser entendida assim...

Ora, uma crítica ao nosso modo de vida, que em grande parte é consequência de um consumo exacerbado, que tenta nos vender algo a cada 10 minutos não me parece inteligente.

Bom, como ficção científica é fraco, sem muito sentido e com as questões científicas em si pouco exploradas. Não basta ter elementos científicos para que a ficção dê certo. O único grande ponto a favor é a explicação de um alienígena com forma humana (ou com forma de vida como a que temos na Terra), talvez o primeiro filme que tenha se atentado a isso. Não bastou para aguentar o tranco da demasiada bobagem que viria a seguir.

Em relação aos usos que podem ser feitos desse filme (sim, é um blog de educação, cultura e ciência...) pode-se pensar exatamente no quanto essa crítica de ser humano é infundada quando não se olha para o próprio umbigo. Falar de ser humano como evento catastrófico estimulando consumo não é inteligente, pelo contrário, é desprezível. Criar uma situação para discutir isso em uma sala de aula talvez possa ser interessante e, juntamente com isso, tentar entender de que modo, efetivamente, podemos ter uma vida mais saudável (em todos os sentidos - articulando ser humano e suas interferências no ambiente), modificando hábitos em nossa casa, em nossa vida. É pouco? Talvez... Mas há de se começar em algum lugar, de algum modo. E, de quebra, podemos dar uma criticadinha de canto no que nos é apresentado no cinema, o que com adolescentes é sempre interessante de se fazer!

5 comentários:

Anônimo disse...

Tempos modernos...devem ter conseguido uns financiamentos para a realização do filme e em troca um "merchan" é parte do acordo.

Eu assisti em DVD a versão original ( já faz algum tempo) e gostei. Situando o contexto em que foi realizado, o filme entretém... e tenta passar uma mensagem.

Mas não assisti ainda a esta nova versão. Tenho medo. Depois do que fizeram com Planeta dos Macacos e até com Psicose...

abs!

Vanessa disse...

Oi, Prof.ª!!!

Também não assisti ao filme, mas fazendo coro com outras críticas que li, o seu texto ratifica a catástrofe (do filme).

Saudades.

Anônimo disse...

Adoro encontrar colegas professores que escrevem e mostram que há esperança para a educação nesta pátria querida; um abraço, Ana. Voltarei outras vezes aqui, porque gostei bastante.
Doralice Araújo, profª de Redação, em Curitiba

www.gazetadopovo.com.br/blog/namira

Ana de Medeiros Arnt disse...

Gracias pelas visitas e comentários!

Bruno Bertoni disse...

Não cheguei a ver o filme, mas hoje em dia é isso o que acontece: as grandes produtoras fazem tanta propaganda de um filme, a gente pensa que é uma superprodução, mas quando vai ver, não passa de outra cópia cheia de clichês e com um final confuso. Parabéns pelo blog, adorei :)