Agora falando sério
Eu queria não mentir
Não queria enganar
Driblar, iludir
Tanto desencanto
E você que está me ouvindo
Quer saber o que está havendo
Com as flores do meu quintal?
O amor-perfeito, traindo
A sempre-viva, morrendo
E a rosa, cheirando mal
Eu queria não mentir
Não queria enganar
Driblar, iludir
Tanto desencanto
E você que está me ouvindo
Quer saber o que está havendo
Com as flores do meu quintal?
O amor-perfeito, traindo
A sempre-viva, morrendo
E a rosa, cheirando mal
(Agora falando sério/Chico Buarque)
Em uma reunião com colegas acadêmicos ou que trabalham em divulgação científica, dia desses, escutei a frase:
- O que fazemos não serve para nada...
Muito embora a pessoa seja a mais otimista deste grupo (ou se diga a mais otimista), soltou como um desabafo em meio à distópicas verborragias...
Eu diria que enquanto crença em uma sociedade supostamente pautada em conhecimentos cientificamente estabelecidos e tidos como válidos: sim... O que fazemos não serve para nada!
Será que não é exatamente por nossa soberba acadêmica de acharmos que o que produzimos academicamente devia ser lido, estudado e levado a sério para gerar um modelo de sociedade?
Não seria exatamente a arrogância - e até um ressentimento estúpido - por aquilo que produzimos ser, em várias medidas, restrito a poucos e de fato não interessar à população em geral?
O que temos feito, de verdade, para provar que aquilo que é desenvolvido dentro de instituições como a que trabalhamos faz diferença? Que esforço temos feito para que o que falamos seja, simultaneamente, compreendido por pessoas leigas, sem que isso desrespeite tradições e aniquile conhecimentos, saberes e culturas tradicionais? Que tipo de valor damos, de fato, ao que as pessoas falam e pensam sobre o que fazemos aqui, para reorganizarmos nossa prática científica (lembrando que isso é feito com dinheiro público e que defendemos que siga sendo feito desse modo...)?
Quando vemos a extinção de fundações de pesquisa e de comunicação públicas, como no estado do Rio Grande do Sul, ou da reestruturação de instâncias como o CNPq e do Ministério da Ciência e Tecnologia, penso que fica claro: não! A ciência e tudo o que fazemos não vale nada. Não serve para nada...
E temos feito o quê para que isso se modifique? De que modo tu tens discutido o que é conhecimento, como ele é produzido e os motivos de ele ser levado em conta?
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